Planejamento rural: desafios e complementaridades

Wingsplan, Engenharia, Arquitetura, Aeronáutico, Heliponto, Pista, Pouso, Decolagem, Regularização, Fundiária, Urbanismo, Loteamento, Viário, Meio Ambiente, Aeroporto, Heliporto

Planejamento rural: desafios e complementaridades

A coleta de informações sobre a distribuição geográfica dos recursos naturais e das atividades antrópicas sempre foi uma parte importante das atividades das sociedades organizadas. Até a segunda metade do século passado, no entanto, as técnicas de levantamento de dados eram limitadas e os procedimentos de coleta de informações eram feitos utilizando-se apenas documentos e mapas em papel. Isto dificultava uma análise que combinasse diversas informações sobre a superfície terrestre. A partir do desenvolvimento simultâneo das tecnologias de informática tornou-se possível armazenar e representar tais informações em ambiente computacional, abrindo espaço para o aperfeiçoamento do geoprocessamento.

Neste contexto, o geoprocessamento é a área do conhecimento que utiliza técnicas e ferramentas para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente o planejamento rural no planeta.

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) permitem realizar análises complexas ao integrar dados de diversas fontes e criar bancos de dados relacionais. Essa base de informações integra atributos espaciais. Como exemplo, é possível citar os parâmetros do meio físico das zonas rurais e dados não-espaciais, que possibilitam a geração de mapas de potencial de uso e ocupação das terras e de classes de capacidade de uso de terras, propiciando desta maneira a espacialização cartográfica das informações e a obtenção de subsídios relevantes para o ordenamento territorial das zonas rurais.

Num país de dimensões continentais como o Brasil, dotado de uma grande carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre os problemas, sobretudo rurais, o geoprocessamento apresenta-se como uma ferramenta de enorme potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, em que o conhecimento seja adquirido localmente.

A nova perspectiva da sustentabilidade e a crescente necessidade de aumento da produção de alimentos, associada ao atual modelo agrícola de desenvolvimento, que se baseia na injeção de insumos ao invés de métodos produtivos mais eficientes, requer uma nova forma de gestão de uso das terras. A visão que restringe a unidade rural apenas a uma unidade de produção, isolada do ecossistema e do espaço rural na qual está inserida, não é capaz de dar conta da construção de estratégias que conduzam os sistemas de produção agrícola à sustentabilidade. Assim como não é possível pensar ou elaborar projetos ou programas de desenvolvimento rural local, deixando de lado a realidade sócio-política e cultural dos agricultores que ali vivem e produzem.

Avaliar a sustentabilidade de sistemas de produção em propriedades rurais e comunidades, considerando microbacias e municípios, é uma tarefa necessária, mas complexa. Muitos sistemas que apresentam alta sustentabilidade em nível de propriedades rurais, quando são generalizados para uma região, podem redundar em fracassos devido à mudanças nas condições ambientais. A falta de metodologias que permitam a avaliação da sustentabilidade agrícola de sistemas de produção, integrando a análise dos fatores ambientais e os sistemas socioeconômicos mais amplos com uma visão espacial e temporal dos problemas, é um fato incontestável.

Tais fatos são realidade constante na área rural dos município brasileiros, que enfrentam um processo conflitante de utilização. Isso tem prejudicado o processo de diversificação agrícola, cuja implantação precede uma “mudança de procedimentos” que motive a estrutura produtiva com o intuito de aproveitar melhor as áreas agrícolas, adaptando os cultivos às zonas compatíveis com as suas necessidades físicas e ambientais.

No tocante a essa mudança de procedimentos, merece destaque a introdução do geoprocessamento. Isto não é apenas devido à coleta de informações através dos sistemas orbitais com as imagens de alta resolução – que tem proporcionado um maior detalhamento dos alvos terrestres – mas, principalmente, na análise espacial de tais informações e no fornecimento de uma base de dados concreta como suporte à tomada de decisões, como é o caso do zoneamento agroambiental. Esta modalidade de planejamento rural apresenta-se como uma alternativa que visa, sobretudo, dotar a economia futura local de recursos monetários em todos os períodos do ano, com produção agrícola diversificada, a partir da definição dos sistemas ambientais em que são consideradas a estrutura, composição, dinâmica e inter-relações de seus componentes, procurando sempre estabelecer o equilíbrio e a dinâmica do sistema global.

Portanto, as técnicas e ferramentas de geoprocessamento permitem auxiliar na gestão do território rural, visto que a possibilidade de utilização de dados pretéritos pode auxiliar muito os tomadores de decisão que, por sua vez, necessitam de informações organizadas para seus empreendimentos. Proporcionando a integração de diferentes órgãos e incentivando a troca de informações, evita-se a duplicidade ou mesmo o sub-aproveitamento de esforços desnecessários na atual conjuntura vivida pelo país.